Frio de Sampa

Frio de Sampa

Que queres tu deste universo, se o frio não passa?

Não vês que Sampa te fez hibernar durante todo o ano!

O lojista mudou de ramo , a malandragem mudou de rumo,

Debaixo do cobertor couberam vários e mais em números,

A saudade virou envergadura e ventarolou amora madura,

Sucumbiu no verão que estava disposto a unir cravo com rosa,

O outono e inverno desgastaram o acasalamento grão a dois,

Corpos encolhidos, de costas uns para os outros meio chorosos,

Úmidos de quenturas, esfriamento térmico, elos murmurados...

Solidão opaca de ver tanto o cantarolar da iluminação!

Pedradas decapitadoras , casa da rosa , poesia da perdição,

Assentos desocupados na praça dos pássaros à espera,

Dos republicanos emoldurados sóis nas fontes d’água,

Mimosa gata madrugada com desfecho de despedida,

Gritos de crianças ecoando no rio e na boca das árvores,

Uma réstia de vida contando lembranças desclassificadas,

Oh! Mundo desmesurado comprimido e cinza esverdeado,

Não quero discutir estes muros, mas não quero ser muda,

Minhas lágrimas não mais rolarão nos paralelepípedos,

No asfalto desfaço a força que emprestas às rodas,

Muda o progresso nas descobertas lidas nos mapas,

Alargo meus olhos nas rimas dessas "rachas" na cidade,

Nas sobras dos nobres debaixo da amargurada edição:

A pegada é o jogo, no feixe de realidade, superação!

Cida Maia
Enviado por Cida Maia em 05/11/2011
Reeditado em 05/11/2011
Código do texto: T3319421