Frio de Sampa
Frio de Sampa
Que queres tu deste universo, se o frio não passa?
Não vês que Sampa te fez hibernar durante todo o ano!
O lojista mudou de ramo , a malandragem mudou de rumo,
Debaixo do cobertor couberam vários e mais em números,
A saudade virou envergadura e ventarolou amora madura,
Sucumbiu no verão que estava disposto a unir cravo com rosa,
O outono e inverno desgastaram o acasalamento grão a dois,
Corpos encolhidos, de costas uns para os outros meio chorosos,
Úmidos de quenturas, esfriamento térmico, elos murmurados...
Solidão opaca de ver tanto o cantarolar da iluminação!
Pedradas decapitadoras , casa da rosa , poesia da perdição,
Assentos desocupados na praça dos pássaros à espera,
Dos republicanos emoldurados sóis nas fontes d’água,
Mimosa gata madrugada com desfecho de despedida,
Gritos de crianças ecoando no rio e na boca das árvores,
Uma réstia de vida contando lembranças desclassificadas,
Oh! Mundo desmesurado comprimido e cinza esverdeado,
Não quero discutir estes muros, mas não quero ser muda,
Minhas lágrimas não mais rolarão nos paralelepípedos,
No asfalto desfaço a força que emprestas às rodas,
Muda o progresso nas descobertas lidas nos mapas,
Alargo meus olhos nas rimas dessas "rachas" na cidade,
Nas sobras dos nobres debaixo da amargurada edição:
A pegada é o jogo, no feixe de realidade, superação!