Perdoas
Perdoas o que te fez o mal
Ainda que ao mal, chamas de amor
Doas ao melífluo, mesmo tendo sal
Para que não te entorpeças
Com esta nígua chamada dor
Perdoas, e para que tenhas calma
Veja-o como os despojos, reputeis,
Debelas o que te furta a alma
Ah não ves? Realças, reluz ao ser desgraça
Quando acometes da maldita mágoa
Perdoas, para que ainda haja um raiar
Mesmo não dignando-se do infortúnio
O ser impiedoso que te fez chorar
Entregando-te ermo após latrocínio
Ao roubar-te, um mesquinho, mas amado, amar
Faças da dor a sirga, ante a proa
Ensinas, os que não se apercebem,
Que amando ao poucochinho de verdade,
Aprende-se na maldade, e se perdoa...