Perdoas

Perdoas o que te fez o mal

Ainda que ao mal, chamas de amor

Doas ao melífluo, mesmo tendo sal

Para que não te entorpeças

Com esta nígua chamada dor

Perdoas, e para que tenhas calma

Veja-o como os despojos, reputeis,

Debelas o que te furta a alma

Ah não ves? Realças, reluz ao ser desgraça

Quando acometes da maldita mágoa

Perdoas, para que ainda haja um raiar

Mesmo não dignando-se do infortúnio

O ser impiedoso que te fez chorar

Entregando-te ermo após latrocínio

Ao roubar-te, um mesquinho, mas amado, amar

Faças da dor a sirga, ante a proa

Ensinas, os que não se apercebem,

Que amando ao poucochinho de verdade,

Aprende-se na maldade, e se perdoa...

Junior Antonio
Enviado por Junior Antonio em 30/12/2006
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