TRAMA
A vida é tão previsível, tão inexoravelmente repetitiva que por vezes chega a me surpreender. O mesmo enredo, a mesma melodia, a mesma coreografia e pasmem, os mesmos protagonistas. Talvez mude o tom, bemol, sustenido...mas a mesma melodia inarmônica, desarmônica, afônica, cuja tônica invariável insiste em se fazer ouvir. Labirinto infindo, sem saída, insólito, fosco.
O drama insta no palco, cena após cena, ato após ato, personagens à mercê da trama. Ardilosa, insensível, insensata. Protagonistas de nossos próprios papéis, rigorosamente decorados, fala por fala, frase por frase. Cena à cena, somos consumidos e não há fechar de cortinas. Quem puder que compreenda, entenda e represente. Quem puder que aplauda ou vaie. Não importa, em detrimento de nossa vontade, representamos. Há os que dormem, ou fingem dormir. A estes foi reservado o melhor papel.