PARA SE OUVIR EM SILÊNCIO
Rompo o silêncio no instante mesmo que dele ouso falar.
É-me caro este estado de completo abandono
Do que ao lado está.
As coisas, mesmo que as ignore,
Tem sua própria razão de ser.
A pedra, solta ali no chão ou mesmo em jazida,
Servirá à construção de estradas, moradias ou mãos o que querer
As árvores, além da sombra que refresca,
Fornecerá a madeira para casas, estradas, ruas, erguer.
O mesmo se pode dizer do vento
Que sopra e seca a roupa no varal.
E passa pela cabeleira da moça que caminha,
Tornando-a mais bela.
O que não dizer da areia
A povoar a imaginação infantil,
Serão construídos castelos
E desfeitos pela onda do mar,
Que sem pedir licença,
Resolve se mostrar naquela hora tão inoportuna.
O sublime se revela nas pequenas coisas,
E mesmo quem está em silêncio,
Nunca está totalmente nele.
Este estado de completo abandono e desligamento,
Nesse microtempo que transcorre
Quase ignorado,
Não passa de todo sem ser notado.
Tudo é som, basta abrir o coração para ouvir.