Mãos.
A gente costumava brincar de coisas bobas, acreditar em superstições e fingir que levava a sério.
'Nao pode separar as mãos ao passar num poste, ou coisa o tipo, pra cada um passar de um lado. Os dois tem que passar num lado só, com as mãos unidas. Senão a gente vai se separar.'
E quando esquecia ou se distraia e as mãos se separavam, a gente quase sempre voltava atrás e passava juntos. Como se o tempo pudesse voltar atrás. Como se ao segurar as mãos pudesse manter todo o resto junto, pra sempre. Como se voltar atrás pudesse apagar o que tinha acontecido.