Metade da História dos Dois
Ela decidiu não se apaixonar naquele dia.
Saiu produzida, escovada e com rímel.
O salto, que há muitos dias não usava, também saiu de casa.
Como manda o script, ele veio buscá-la.
Ele tinha um rosto normal,até aqui nada de espetacular.
Ela pensava estar imune a sentir,
Ele seria apenas uma companhia agradável,
Sem esperanças de outros encontros.
Não se sabe o porque, mas quando ele começou a falar,
Algo parecia familiar, conhecido, próximo da alma dela
Mesmo falando de passado, de histórias de amor da adolescência
Assuntos que ela não esperava ouvir,
Mesmo assim ela queria estar ali, ouvindo-o,interagindo com ele.
O bar estava cheio, mas a moça só enxergava o moço
Parecia que só haviam os dois, ali sentados.
Algumas cervejas, algumas mudanças de assunto,.
Mas que importa o conteúdo dos assuntos, agora?
O que importa é que algo nele soou importante pra ela.
Fez sentido.
E, na despedida, à porta de casa, ela não esperava um beijo
Mas este beijo ocorreu: esplêndido, perfeito.
Logo após os lábios se separarem, uma música para os ouvidos dela:
“Vamos nos ver amanhã novamente? Ir à praça do papa?”
Para ela, parecia um sonho,
E claro, ela aceitou.
O que houve com a moça?Cadê os planos de ficar sozinha, de não se apaixonar?
Sumiram, juntamente com aquela noite.
Ela sobe as escadas numa felicidade infantil, incontida
Tão enorme que a faz pular de alegria, feito menina
No dia seguinte, quando se encontram, a sensação é a de que já se conheciam há anos.
Falavam sobre tudo, deitados na grama, olhando o horizonte da cidade.
Uma paz no coração, entre beijos e palavras doces, fazia-se presente.
Tudo era lindo.
Um dia, foi-se embora a beleza de tudo.
Hoje, moço e moça dizem não saber o porquê do fim
Mas eu acho que sei, sim.
Faltou coragem,
Coragem pra juntar as almas
Pra abrir os olhos,
Pra enxergar o riso
Pra deixar o medo do lado de fora
Pra entender que o amor não tem hora
E que quebra nossas decisões.
Cadê os dois?
Devem estar perdidos por aí.