:::: Devaneios ::::
Dezenove anos e minha mente parrece ter experimentado uma eternidade. Já consigo escutar o som do meu coração, mas ainda confundo meus sentimentos. Tão pouca idade, tanto tempo. E nesse tempo aprendi muito, ou melhor, o suficiente para saber que o meu coração não me obedece, nunca. Eu insisto todos os dias para simplesmente apagar as memórias que um dia foram reais. Mas você sempre está ali, nos acordes que te chamam, nas linhas que te descrevem, nos pensamentos que te buscam, nas lágrimas que tentam e não te esquecem. Eu posso esquecer, claro que posso, mas as coisas não funcionam assim.
Não posso simplesmente te apagar como se nunca houvesse existido. O tempo traz, o tempo leva. Sempre funcionou dessa forma mesmo. As pessoas que amamos não ficam para sempre, eu sei. Só não consigo imaginar o mundo tendo nós dois em pontos tão distantes. Distantes em pensamento. Presentes em memória. E então, nessa oscilação entre perto e longe, me distancio mais de mim. E meu chão já se perde num abismo.
Quem sabe eu deva me jogar e voar, isso sempre foi o que eu quis. Viver sem rédeas, sem explicações. Viver pela liberdade de poder enlouquecer e me redimir. De gritar quando não posso, de calar quando não devo, de dizer quando deveria me silenciar. Assim, nessa angústia de sempre ser verbo intransitivo, procuro um sujeito oculto em mim, poético talvez. Não sei.
Luto cada dia para apagar um pedacinho seu, mas sempre fica algo. E tudo parece em vão. E de novo, hoje te esqueço, mas amanhã... Convence meu coração?