Retrato Calado
Hoje não quero falar.
O silêncio da alma já lança de si vozerio infernal. Basta!
Hoje não quero ouvir.
O que tens a proferir equivale ao breve elogio fúnebre da inscrição sepulcral. Chega!
Hoje , só desejo o papel e a pena que,
De rabisco em rabisco, é capaz de fazer aquele desenho...
O retrato calado do meu espírito emudecido.
Oxalá minha mudez te seja eloquente!
Hoje, em meio ao silêncio gritante
Quero apenas fitar os olhos teus;
Erguer minha mão, fazer-te um doce aceno...
E tu hás de me dizer: será um olá ou um adeus?
(Andreia Jacomelli)