Confissões depressivas

Se eu não aparecer no nosso encontro, não se entristeça, não me deseje morto, não me esqueça. Tem que ser você, e essa é a minha última chance. Na sua vida eu vou aparecer. Sim, repito: eterna última chance.

Já que o mundo não acabou, eu tenho que estudar, preparar aula, ler. Sofrer, amar, esquecer. Dormir, comer, transar. Viver. Viver? Pois é.

Por que dói, mas não sinto? Por que me preocupo, se só é lembrança? Não entendo, não é comigo. É dor e rancor da mudança.

Como se pode julgar, se nem uma chance foi dada? Como se pode encerrar, por meio de efêmeras desculpas, um romance de fachada?

Qual é a justificativa para o uso de drogas em tratamentos psiquiátricos?

Estou tão cansado de sentir a sua falta. Amor à distância.

Foda-se! Sabe aquela sensação de cansaço para com a vida? Quando duas ou três coisas valem realmente a pena? É justo aguentar tais lamúrias?

Se você é diferente, com um sonho e um ideal, você é esquecido! Se você é alienado, arruma-se um grupinho (de alienados) e até um amor.

Quando estou triste, reflexivo, e... recorro-me a alguma antologia para tentar encontrar conforto e repouso. Boa noite... apenas.

Não esqueça: a última chance; para esperar o fim e, enfim, viver. Dói. Sei disto. Mas me acostumei com as mudanças que guardaram lembranças na lembrança. As efêmeras desculpas foram findadas no esquecer. É psíquico, é droga, é distância. As lamúrias tornaram-se sonhos e ideais. E na tristeza encontro a importância de momentos reais.