LOUCA MENTE SÃ

Amanheceu, já era noite

Estava eu, sentado em pé na mesa de um restaurante

Que não servia nada - absolutamente nada - de comida

Quando gritei em voz baixa ao garçon que ali não estava:

Traga-me um salgado doce, para matar a fome que não sinto

Sirva-me também de uma bebida alcoólica que não contenha alcoól

Para que eu possa me esquecer daquilo que não lembro

Do amor que não tive por aquela mulher

Quero esquecer para lembrar, de como ela era

Era alta, porém, de estatura baixa

Seus cabelos curtos na altura da cintura

Sua pele clara, tal a cor da joboticaba

Sua voz macia, soava como o canto do carcará

Aos ouvidos daqueles que não ouviam

Seus olhos arredondados como de uma oriental

Fizeram-me ver sem enxergar

Que o AMOR que é ROMA

Elogia com palavras ofensivas

Elevando ao chão que flutua no ar puro poluído

O coração de quem amou

Esse amor que nunca existiu

Por isso

Quando ouço a música que não toca na caixa de som

Do aparelho que não funciona, no restaurante

Que não serve comida

Fico tristemente alegre

Sorrindo em prantos, com a saudade que não sinto

Desse amor, que feriu meu coração

Deixando lenta a taquicardia

Que me leva à

Razão irracional...