Por que escrevo?
_ Tinoca, vem cá que eu quero te contar uma estória!
Era uma vez uma correnteza... determinada e apaixonada pelo mar. Dona de uma força incalculável, poderosa, não havia nada, nem muralha e nem represa, que pudesse impedir o seu fluxo. Ela queria o amor do mar. Queria, a qualquer preço, amar o mar e desaguar inteira sobre ele. E se não fosse possível buscá-lo com brandura, ela iria doida, afogando, inundando, arrastando, arrebentando tudo até realizar completamente o intento do seu curso.
Mas essa estória não é bem de correnteza. Ao contrário, é de lagoa. Lagoa presa, parada, limitada pela natureza, condenada a um espaço geográfico, mas com um grande desejo de fluir para o mar. Impedida, inventou de evaporar para ficar lá no alto, olhando o oceano, até se derramar totalmente sobre ele em forma de garoa tranquila ou em forma de temporal negro.
_ Entendeu agora, Tinoca, porque é que eu escrevo?