::: Interrogações :::

Os ponteiros do relógio parecem parar a cada batida do meu coração. Seis horas da manhã e eu ainda não fui me deitar, comigo ficou seu cheiro, seu olhar, você. Como posso esquecer? Foi duro demais, foi difícil demais. Tento encostar minha cabeça no travesseiro e dormir, mas o silêncio te traz aqui, quando eu menos espero. Como é cruel esse silêncio que me tortura até a última gota de lágrima. Será que tudo isso é mesmo a coisa certa a se fazer? Sofrer sozinho não me parece algo bom. Ficar sem você me parece terrível. O ser humano é mesmo cheio de defeitos, eu sou, você é. O amor muitas vezes precisa superar obstáculos que parecem impossíveis, o amor precisa ser forte para não se machucar nas quedas que são inevitáveis.

E hoje, só queria que estivesse aqui, mas sua indiferença está me matando pouco a pouco. O sono não vem, a fome não vem, a paz não vem. Em mim só restou um fio de esperança e uma dor insuportável. Não consigo admitir ou até aceitar que o amor que um dia havia em nós morreu. A escolha de ser feliz está nas mãos de cada um, a minha felicidade ainda estava presa em minhas mãos quando você não permitiu que ela ali ficasse. Cortou minhas asas, me fez cair de cara no chão.

E agora eu estou muito machucada. Muito mesmo, minha alma em pedaços não consegue mais. Você foi e se esqueceu de devolver meu coração, como eu viverei assim? Procuro ser forte o bastante para superar, olho nos olhos das pessoas com toda a convicção de que não está doendo, mas no silêncio eu desabo. Tento desviar meus olhos de tudo e todos na esperança de esconder o choro, mas até a mais desatenta das pessoas notaria meu pranto preso no olhar.

Como pôde me dizer aquelas coisas. Não entendo. Você estava tão incluso em meus planos como o ar que respiro e agora? O que faço com tudo? E meu ar? Onde? Não posso mais, simplesmente.

Ana Luisa Ricardo
Enviado por Ana Luisa Ricardo em 17/10/2011
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