O avesso de viver

Estou desprovida de príncipes e princesas, estou desprovida de qualquer tipo de emoção, estou vazia. Me sugaram as energias, os sonhos, a fé e a crença.

Talvez o tempo traga alguma coisa que me mostre que a vida ainda vale a pena, que as pessoas ainda são humanas e que as verdades ainda foram feitas para construir, elevar e fazer crescer o ser humano.

Se morrer é ridículo, viver é mais ainda... Gastamos um tempo enorme construindo castelos, ajudando pessoas que te destróem, que te diminuem na sua essência mais verdadeira de ser. Por prazer, por conveniência, por nada.

Isso é extremamente triste. Têm horas que a vida não tem saída, nem tampouco continuidade... é o morrer em vida!!!

Então você se submete, ouve, observa e vai dormir. Percebemos que morremos um pouco a cada fechar de olhos.

O pior é que a tortura continua no dia seguinte, te preparando um novo capítulo de sofrimento.

O dia seguinte começou. Quando será o último?

Resta-me apenas a triste idéia de que somos filhos da dor, somos então a própria dor.

Machucamos e ferimos diariamente, constantemente na ânsia desenfreada de tentarmos ser melhores ou achar que somos felizes...

Uns são infelizes pelo insucesso, outros pelos desamores, outros por descontentamento da lucidez e consciência daquilo que não é e gostaria de ser...

Estou triste? Talvez.

Cansada? Muito.

Desapontada? Totalmente.

Ninguém disse que viver seria fácil, mas às vezes viver é impossível.

Viver é sonhar, acreditar, planejar, construir...

Construir o caminho da beleza, do valer a pena.

Quantas coisas ficaram perdidas no caminho?

Com quantas mentiras devemos conviver e ainda acreditar na possibilidade de dias melhores?

Acreditar... palavra idiota!

Dizem que estamos aqui para aprender.

Aprender o quê? A aceitar sofrer como ordem natural da vida?

Verdade...

Somos filhos da dor, então devemos aceitar amar a dor.

Dizem também que Deus é amor... Deus, cadê Você?

Por que não me mostra meus defeitos e erros para que eu poder consertá-los?

Existem os vendedores de sonhos, mas ninguém menciona nos ladrões de sonhos... Aqueles que te roubam a confiança, o brilho, aqueles que te roubam de você...

Esperei meu príncipe encantado, montado num cavalo branco...

Mandaram -me apenas o cavalo, mesmo assim tratei-o com carinho, quem sabe a história do sapo que vira príncipe, seria o cavalo... em retribuição ele apenas relinchou e me deu tantos coices que mais uma vez me desapontei.

Deixei então que ele se fosse, em liberdade para encontrar a sua felicidade.

Fiquei só, mais uma vez, assim como nasci, a gente nasce só provida apenas de alma e coração.

Hoje não sei se ainda tenho isso, só sei que vejo em mim uma alma descrente e um coração muito, mas muito machucado!!!!

Sandra Ierich
Enviado por Sandra Ierich em 16/10/2011
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