DOIS É UMA DIVISÃO
Dois corpos, a cama dividida por uma linha invisível.
A beleza feminina esquecida da admiração. Não é tocada, sentida, desejada nem usufruída. A olência, a meiguice, a beleza desperdiçadas.
Ninguém tocando os lábios na orelha. Ninguém beijando os cabelos cheirosos. Ninguém apalpando as mãos ou aquecendo os pés. Em fim, ninguém tocando as coxas com os joelhos, sequer. Nem sussurrando ao ouvindo e dizendo “te quero muito”.
O fôlego entrecortado, o ofego. A saudade de outrora. Uma lembrança, um desejo, uma ideia, um louco querer. Um eflúvio de labaredas assustadoras e ao mesmo tempo comprometedoras, e porque não dizer, animadoras.
O sono não vem. O que chegam são sonhos bons. O corpo inerte ao lado se transforma numa imagem dissipada, e o másculo galanteador, forte intrépido varonil permanece nos desejos infrenes.
Os suspiros, os soluços que ecoam do ventre vem provocar um maremoto sobre o baixo-ventre e o êxtase se consuma. A imagem do másculo desejado estanca como um jorro de emanações alucinantes.