SEGREDO - PARTE IV

Invólucro seguro é o coração humano, onde o amor, sereno, repousa quieto, quase imperceptível até que um olhar furtivo, um fugaz sorriso o estremece desde os fundamentos, qual vulcão adormecido que um tremor desperta, fazedndo-o vir à tona com toda a força que possui. Por não contê-lo mais o coração, às vezes o amor se derrama pelos olhos em prantos ardentes; outras vezes irrompe-se nos lábios dos amantes em canções sentidas e palavras doces. Se é correspondido, então, o amor se expande e se torna visível e sensível, acomoda-se no peito fazendo aí a sua morada. Mas, se ao contrário, é repelido ou impedido de manifestar-se, ele se revolta e recusa-se a aquietar, reclama a todo instante uma explicação sem que nenhuma o possa satisfazedr-lhe.

Como chama perene que é, o amor arde de dois modos distintos: de um modo provoca prazer, de outro o tormento; ou suas fráguas produzem alegria ou resultam em dor, conforme o alimento que recebe.