Sobre proteção à infância


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O filho de Pilar e Daniel Wainberg foi batizado à beira-mar.
 E no batizado, ensinaram a ele o que é sagrado.
Recebeu caracol.
- Para que aprenda a amar a água.
Abriram a gaiola de um pássaro preso:
- Para que você aprenda a amar o ar.
Deram a ele uma flor de gerânio:
- Para que você aprenda a amar a terra.
E deram também uma garrafinha tampada:
- Não abra nunca, nunca. Para aprender a amar o mistério.
                                          Janela sobre a chegada - Eduardo Galeano

 
No horizonte da modernidade, da competição desenfreada, do culto ao deus mercado, nossas crianças pouco aprendem do respeito e do amor pela água e pelo ar, fontes de vida e liberdade.
Na desatenção ao dia a dia, nossas crianças pouco aprendem do cuidado e do amor pela terra, nossa casa e berço da nossa ancestralidade.
Na correria pelo TER, nossas crianças pouco aprendem do amor ao mistério, do encanto da poesia e da beleza da música, fontes de inspiração e conexão com o transcendente.
No afã dos modismos, nossas crianças pouco aprendem do reconhecimento e do respeito pela sabedoria dos mais velhos, sobre o amor e o respeito às brincadeiras de esconder, de imaginar e de sonhar mundos impossíveis.
No aligeiramento das vivências, nossas crianças pouco aprendem sobre o amor e o respeito ao sagrado da vida, que é a própria vida.
Cabe a todos e a cada um a responsabilidade de proteger o que ainda resta de infância das nossas crianças.
Cabe a todos e a cada um amar e respeitar o que ainda resta de infância dentro de nós.
 
Aracaju-SE, Manhã de 12 de outubro de 2011