COMPARAI-VOS!
Quando um bicho de estimação inspira o verso ou a prosa, é porque, além do físico, ele – na sua doçura – ocupou-nos a cuca com o espiritual indivisível de estar vivo, sujeito ao tempo e suas diabruras. Conseguiu mais do que ser o dócil e doméstico animalzinho. E rouba a cena a ponto de nos compararmos a ele. Não raras vezes, sentimos dó de alguns espécimes humanos, tão sobranceiros companheiros de travessia... Tal como o rasgo de luz adensa as retinas por algum tempo, ele trespassa-nos sem limites o denso coração dos afetos.
– Do livro SORTILÉGIOS, 2011.
http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/3265801