PÉTALA PRESENTE.

 

 

Para a mulher amada.

                                       

 

 

 

Uma pétala macia que se desprendeu da mãe flor, e pousou suavemente no meu jardim silvestre que ainda estava úmido pelo orvalho da manhã.

Agora, já se evola aos poucos descobrindo mansamente um passado, para dar espaço ao seu pouso de pétala-presente.

 

O que te direi?

 

Dos teus olhos pedras preciosas feitos com o fogo, o artífice da beleza.

Que são pares íntimos na essência, cheios de um infinito querer.

 

O que mais dir-te-ei?

 

Da tua boca entreaberta para um beijo, circunscrita por duas meias-luas vermelhas.

Que por certo, já sorriram.

Que por muito, já sofreram.

 

O que te direi mais?

 

Dos teus cabelos, ébanos polidos, agora, já tisnados pelo cinzel do tempo, maduros, esvoaçantes à procura de um carinho.

 

O que mais direi?

 

Da tua fronte, alva como a bruma de inverno, uma planície de sonhos irreverentes. Ergástulo profundo e solitário, onde guardas os teus sagrados segredos.

 

E o que te direi?

 

Das tuas faces ingênuas, irmãs gêmeas, segredando santos mistérios que só a ti são revelados.

 

O que te direi?

 

Do teu sorriso, relâmpago perdido, sincero e bom, faísca trânsfuga da tua cristalina alma.

 

O que dir-te-ei?

 

Das tuas mãos, transparentes e boas, muito vividas, cheias de carinhos, artífices dos afagos, tiranizando-me com o seu calor de mulher-encanto.

 

E agora?

 

Fiz-me sensitivo para, de parte em parte, caminhar por tudo o que tens de bom.

E assim, eu senti e compreendi que tu és um conjunto harmonioso e belo que, entrelaçando-se com equilíbrio nas minhas volubilidades místicas, haveremos de fazer uma linda história.

Tu és uma estrela fixa me orbitando confusa, e eu ofuscado na tentativa de ser atraído pela tua luminescência perturbante. Esmoreço.

 

E agora estrela?

 

 

 

 

 

 

 

 

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 23/12/2006
Reeditado em 23/12/2006
Código do texto: T326435