Chuva de Carinhos


Não lamente a solidão, não chore por estar sozinho.

Olhe para a copa das frondosas árvores onde moram os passarinhos, admire a bendita sombra, as flores, os frutos maduros.

Atente para o firmamento magistral - tapete da lua, berço das estrelas.

Entregue-se ao mar de sonhos, navegue no oceano da esperança.

Viva com a porção diária que a vida lhe apresentar - nem mais, nem menos.

Tenha em mente que viver é uma dádiva para ser acalentada no silêncio da prece.

Refrigere tua alma no silêncio para que Deus se faça presente de forma intensa.

Enxugue as lágrimas, aprenda a viver sem o abraço necessário, sem o carinho que julgas imprescindível, pois das nossas necessidades sabe quem nos empresta o sopro divino.

Acarinhe-se na paz, no equilíbrio do entendimento de que tudo aqui é passagem.

Procure compreender que a felicidade maior brota quando de alguma forma se faz algo pelo semelhante - ainda que este jamais venha a entender ou agradecer.

Não espere reconhecimento, busque a simplicidade - no viver, nos gestos, no amor.

Aprenda a ser grato, a reconhecer, a perdoar e a amar.

Quando a alma se aninha nos braços do Criador banha-se na torrencial chuva de carinhos, sente-se segura, vive serena, não teme o  escuro, tampouco a sombra da morte.


(Ana Stoppa)
Ana Stoppa
Enviado por Ana Stoppa em 07/10/2011
Reeditado em 06/06/2017
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