Mãos vazias, alma tolamente viúva
A seiva da vida me escorre confusa, por entre as lágrimas obedientes...que choram a tristeza... que em mim se acusa...
Inundo as palavras doces, misturadas ao cântico pobre...que no embuço dos dias seguem frouxos e lânguidos...
Não choro mais pelo trinado; que antes adormecido na gaiola do meu peito, ora se revolve atrevido...deito prantos sim,pelas horas que me restam...pelas muitas manhãs que hei de amanhecer com o sorriso plástico estampado...para o mundo...quando o chão me falta aos pés descalços...
Nada tenho para oferecer...à vida, a não ser esses risos escachados, engraçados...esse coração lapidado, de emoções difusas...de ilusões tristonhas...esse choro chocho...
Não, não tenho nada nas mãos,a não ser essa ansiedade louca...essa vontade alucinada, de caber dentro da profundeza do meu espírito inquieto...
Só o desejo de me perder, dentro da profundidade das águas, dos oceanos...de me espalhar pelos ares no cântico das sereias...
Não tenho nada a ofertar além da insanidade das lavras...da brevidade da presença...da sensibilidade frágil...nada além de um corpo febril, uma alma adoentada de saudades...
Nada tenho além desse grito rouco...dessa voz sussurrada, nessa prosa surrada...nessa poesia sem rumo, sem prumo...
Que faço nua nessa arena de esplendores, nesse palco de amores...quando nada tenho senão olhos súplices...alma sob júdice...
Nada ajuntei de valor...nada de importância colecionei...nada de tesouros...só míseros lamentos...tolos sentimentos... metros de angústias...pesadas horas de solidão acompanhada...
Lavrei nas muitas páginas escritas o meu suor...a minha luta...escrevi páginas tantas com o sangue quente... pulsando sem parar...e tantas outras com lágrimas furtivas...ou jorros de choros doloridos...coisas sem valor... intempestivas e fugazes...continuo de mãos totalmente vazias e a alma tolamente viúva...