Que fazer do amor?
Que fazer do amor guando ele por si só não basta? Onde alojá-lo ou para onde despachá-lo?
Que fazer com o amor quando ele entra em coma e sem nenhuma percepção de si, reage a morte que lhe abre braços aos quais ele reluta em se entregar?
Que fazer do amor passivo que não luta, mas, que também não abandona um forte que precisa ser ocupado?
Que fazer do amor jogado ao mar sem velas, sem remos, sem porto seguro?
Que fazer do amor que vibra solitário, regando flores de um jardim invisível?
Que fazer de um amor natimorto que não sobreviveu à placenta?
Todos sonham tanto com o amor e o amor sonha com tanta gente
E os caminhos do amor e os caminhos das pessoas não se cruzam
E grandes amores são jogados ao léu, feito espermatozóides masturbados
Que não puderam sentir o aconchego morno de entranhas ardentes
E a meiguice desperdiçada das vozes macias da paixão.
Que fazer enfim do amor quando o amor resolve entalhar-se no peito
Numa tatuagem que queima sob a mão do tatuador.
Que fazer do amor sem esperança mas que não mingua à tortura,
E a vida segue sem saber o que fazer do amor que vive pelo milagre de um sorriso apenas,
De um instante apenas, de um amor que sobrevive a...penas...