SEGREDO - PARTE II
Um gesto, um riso, um olhar profundo; num instante breve de um pulsar apenas, acende um fogo que consome o mundo, acalma a tempesdade d'alma e a serena.
No peito o amor latente então desperta do sono antigo de um viver sem sonho; e a vida que outrora era deserta, mostra-se bela agora qual jadim risonho.
Amando o coração o pranto esquece e do sofrer de outrora já não tem lembrança, nas chamas do desejo o frio aquece, saltitante e alegre vive qual feliz criança.
Um olhar, um gesto, um riso breve, para a alma triste é como o sol nascente, que de uma fresta a iluminar atreve um ser recluso em sua alcova algente.
No doce enlevo do súbito sentir as portas abre sem reserva ou medo; lança-se ao amor sem temer ferir o ser incauto ao revelar segredo.
Pois no frêmito delírio do desejo, na volúpia insana da paixão nascida perde-se os temores, esvai-se o pejo; por um riso, um olhar, um gesto dá-se a vida.