O VERDEJAR DAQUELA ESTRADA

Enfadada e cansada por ter as mãos rígidas ao volante, seguia correndo rápido pelas estradas desérticas.

Ouvira dizer que por aqueles lados a aridez do solo de cascalho salgado sempre era compensada pela singular beleza dos cactos. Exóticas formas.

Acreditou que talvez nessa típica flora pudesse saciar um pouco de sua curiosidade.

“Mas beleza? Difícil será encontrá-la numa planta sem folhas e sem graça!”– pensava ela.

Mas ao primeiro piscar dos olhos ao conhecê-lo, fez-se o silêncio para escutá-lo. Suave e harmônica melodia.

Acariciou, com ternura e sem medo, cada espinho daquela vida que se alimentava do sol e resistia fortemente à carência de chuva. Intensa bravura.

Cactos que verdejou aquela estrada.

Fina areia enfeitada de uvas e kiwis.

Realização do ser.

Millarray
Enviado por Millarray em 30/09/2011
Reeditado em 30/09/2011
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