Dois vícios
A primeira vez que te esqueci foi em noite curta, que nem perna de mentira. Os passos lépidos do tempo, clique-claqueantes, se perderam, foram-se sem deixar rastros.
Na outra vez, a manhã chuviscosa largou a alegria no portão e competiu com outra umidade: lágrimas bem poderiam regar jardins e pomares, não fossem salgadas e tão custosas...
Nunca te esqueci tão facilmente como na penúltima edição. Outros braços embalaram a tristeza doce, largada; isso fez muita diferença. Solidão é para bichos!
Agora, nesta vez em que me responsabilizo tanto por ser só quanto por não estar acompanhada, deixo o esquecimento em paz. Basta-me a ansiedade de não mais sentir.
Parar de fumar foi mais difícil.