Amarelo com Ciano
A dama surtiu ansiosa na sacada. Com olhar trêmulo, lábios pálidos – mais parecia finada.
Será que ela espera o seu amor, ou quem sabe o perdera? Talvez bem de saúde não esteja. E quem sabe? Não aparenta ser jovem, tão pouco velha. Quanta dúvida me traz fulana!
Tentei sonorizar a fim de chamar atenção; recebi um suspiro sem qualquer interesse ou foco.
Não me parece rica, e longe de ser plebe estás. Não reluz ouro, entretanto não é fétida.
E mesmo sem (des)valores aquela nuance serena me agradara.
Talvez fulana não saiba o que é ser bela o tanto parecido que não sei ser polido.
A paisagem me confundira. Ao tempo pensamento de ajuda, junto a repressão. Sentimentos alheios; alegrias coloridas ou tristezas cor de cinza. E que cor ela exala?
O coração se enxuga quando a sacada é apenas um adorno do passado.
A dama agora sofre sozinha, sem observadores, sem cavalheiros preocupados, sem pintores da vida. No meu coração ela é viva. Quem sabe outro dia a tristeza não paire novamente à sacada, para que eu mais despreocupado lhe trague um pouco de felicidade.
Guilherme Heiz,
28/09/2011