Setembro II
O tempo é esse barquinho de papel com seus cascos de pétalas na correnteza que nos permite alguns trancos e trocados de não valer muita coisa em naufrágios, mas a vida tem seus c_ais, não é só desmantelo e desgraceira dessa nossa besta-fera, pode ser que em algum momento sejamos mais a Bela (natureza de ser outro que não esse que nos devora, destrói e deleta) e pensando em você, pensei belezas assim:
Setembro tem brilho n'olho d'água e esse sorriso de candelabro na cara.
Setembro se abre como espirradeiras sobre os ombros de certa idade que olha a vida sobre o muro de casa, setembro tem petúnias ao ar livre bem no meio da rua colorindo a lama ainda úmida. Setembro é tempo de acenos de açucenas e magnólias que se debruçam com seus perfumes nas narinas da tarde. Setembro tem a alegria discreta de uma espécie de orgia da alma que ainda festeja algum futuro secreto. Setembro passa pela rua dos meninos brincando de pião e traz a garça de volta no telhado, as pipas em arruaça num céu azuláceo de domingo com olhar de asas, aí setembro gira a gente de ficar tonto no tocar do gongo grogue do tempo que diz: Bem! Bem! Bem!