PÁSSARO FERIDO

PÁSSARO FERIDO.

Maio de 1999

I- Para ti mulher, os pássaros da minha imaginação em plena maturidade, alçaram vôos cheios de paixão.

II- Chegaste do norte com os sonhos frustrados, lá dos portos aonde todos os navios atracam, e hoje tergiversas sobre o amor e a liberdade.

III- Foi culpa da tua adolescência mal vivida, mal interpretada, mal ensinada, e tu num esforço último e solitário fugias de uma terapia de apoio.

IV- A demência da tua genetriz fermentou mais ainda os teus conflitos secretos, arrastando-te silente para um exílio temporário em doentia adolescência.

V- A ânsia pela liberdade e o desajuste vivido em teu ninho, foram alavancas cruéis que te levaram ao mundo da permissividade.

VI- Venceste? Talvez sim, mas o custo dessa vitória foi alto demais, agora o fantasma das frustrações passaram a te perseguir como sombras mortas do passado.

VII- Eu quis mover a muralha de angústia que te envolvia, mas a marca indelével da vida mal vivida, já havia te maculado para sempre com os cravos dos desenganos.

VIII- Amei-te assim mesmo e tu não correspondias, porque havia um bloqueio existencial que te sacrificava na carne até a tua última intimidade, pois não entendias o amor.

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 21/12/2006
Código do texto: T324429