POBRE CRIANÇA FAMINTA

Pobre criança faminta,

Às ruas pede a quem passa, o pão que lhe falta.

Não há a ti garantia que amanhã será diferente,

E aqueles que cruzam seu caminho,

Não suportando o quadro que se apresenta,

Viram as costas e saem a suas obrigações.

E cumprida a estafante jornada,

Ao final do mês receberão parco salário.

Pobre criança faminta,

Renegada à selva de pedra que a todos engole,

Não perdoa a quem ela abandona às feras

E você, pobre criança faminta,

Nessa arena onde todos se digladiam,

Deixará seu sangue para que todos vibrem.

E´ o espetáculo,

Montado no picadeiro da vida, a custo zero

E lucro certo.

E o resto?

Meros detalhes, dirão doutos administradores.

Pobre criança faminta,

Não viverá sua infância, nem,

Tampouco chegará a ser pai.

E a selva de pedra que a todos engole,

Não lamentará seu destino porque outros virão.

E a estatística será sempre atualizada.

E o resto?

Meros detalhes, dirão doutos calculadores.