[À Margem do Grande Rio]
[Pensamentos rápidos à margem do Grande Rio Paranaíba, naquele
quando de sua passagem pelas invernadas da Fazenda Barreirão]
Margens que se contemplam...
Acenam-se vistosas paisagens
para sempre separadas,
mas inextricavelmente unidas
na intimidade do beijo eterno
das águas do grande rio.
O rio... as separa ou as une?
O rio só leva, só embala
em seus eternos mistérios,
aquele que, de uma das margens,
contempla a paisagem oposta.
Aos que vão com as águas,
é-lhes roubado o tempo,
a luz, a visão das coisas...
Não há tempo possível
para olhos que a morte
cerrou para sempre...
Eu que não tenho fé,
pergunto: o rio da vida,
separa-me ou une-me
à minha morte?
Há muito adivinhei a resposta!
[Penas do Desterro, 17 de abril de 1999]