Adiante
Eu não sei se queria adentrar aquele universo ,aquele local inóspito, tão cheio de surpresas. Tão acostumada a meu esboço em sépia que não pretendia alterar com rabiscos em outras cores... Meros traços, disformes da realidade que buscava ser uniforme, e mesmo assim ainda pendia do teto um ponto de interrogação.
Na janela, gotas da chuva que caía pareciam estáticas, talvez meras táticas do tempo para dizer que ele corre, ou escorre momentaneamente por entre os intervalos de lampejos, relâmpagos sem trovões, o silêncio ensurdecedor ecoando, reverberando as paredes de meu átrium solitário.
Os pensamentos dançando, como máscaras de um carnaval veneziano, a dor se oculta por entre os sorrisos plásticos, sentimento engessado de um ser em múltiplas sombras, e as sobras que restam me trazem ao agora, de tudo que me testa, meu medo é o que me paralisa.
A dúvida então me mantém com a mão na maçaneta, saindo do monocromático, a porta entreaberta, assim como meu eu se abre em busca do novo, ou de algo que o represente, mesmo que a mudança de rotina me deixe ainda mais sem paciência...