MEU TRIBUTO AO CARPINTEIRO "JOSÉ BARBINO"

La pras bandas do arraial do Amanhece

vivia o carpinteiro Zé,

homem franzino e ladino

com as mãos manejava seu formão

que nem São José.

Com o enxó rasgava a madeira

cavacos cortavam o ar,

suor lhe escorria pela testa

o seu trabalho não podia parar.

Da madeira surgia a tábua,

com a perícia de suas mãos

construía até canoas

que se gabava era de uma tábua boa.

Seu defeito era o vicio pela cangibrina

quando bebia todas, era só fogão,

perdia o rumo e a sensatez,

e não se achava nem com lamparina.

Vivia mais no porre do que na sua lucidez

mas com o formão na mão,

não existia embriaguez.

Diz-se por aquelas bandas do arraial do Amanhece

que quem contratassem a prestação de seus serviços,

comprava várias garrafas de cachaças

para abastecer o coitado que diziam ser feitiço.

Era mesmo movido ao caldo do bagaço.

Da sua arte,dúvidas jamais

um exímio Carpinteiro,

que do pau tirava coxos,porteiras e até currais.

Sentado em um pé da pau

pitava o seu fuminho mineiro

resmungando pelo canto da boca,

porque estava sóbrio o dia inteiro.

Pito no canto da boca

riscava a sua binga de querosene,

do pavio surgia a chama

que inebriava aquele ser perene.

Saudoso José Barbino

que deva estar auxiliando São José,

entalhando um coração para os homens

aqueles malfadados da pouca fé.

Minha infância foi marcada pelas figuras excentricas deste vilarejo de nome Amanhece.Entre tantas, José Barbino marcou minha infância pelos laços de amizade deste carpinteiro que talhou esta inspiração de meu tributo a este mestre dos mestres, que viveu por volta de 1950 construindo com dignidade as formas que surgiam de seu enxó.