[Outra Primavera... e Outro Corte]
Torno a lembrar:
"Não há rosto que não esteja por dissolver-se como o rosto de um sonho. Não há coisa que não esteja como que perdida entre infatigáveis espelhos. Jorge Luis Borges - El Aleph
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Foi rápido, não foi?
Eu não te disse
que já íamos
nos perder,
que somos apenas
atônitos seres de Estação,
eu não te disse?!
Desta vez,
foi tão rápido o corte
que nem doeu!
Também, pudera...
depois da n-ésima vez,
até os mais sensíveis,
se endurecem,
ou se acostumam...
Ah... não importa,
na próxima Estação
alguém nos espera...
Será outra primavera,
outro corte,
e mais uma perda!
Aceno rápido, pois
o trem já partiu!
E na próxima
Estação há...
E na próxima,
também há...
...e há...
...e há...
E na última Estação,
há aquele fatídico
batente-de-fim-de-linha:
C.Q.D. — diz a vida!
[Desterro, 23 de setembro de 2011]
PS: por que este maldito vício de escrever me persegue, desde criança? Parece um aleijume, uma tortura [de torto mesmo] em meu ser... raiz torta, enviesada para ir em busca de luz, e não de escuros profundos? Que tropismo é este, assim doido?! Sou doido mesmo, pois falo sozinho...
E no entanto, jamais aprendo esta arte...