POEMA DA DESPEDIDA (No Dia Em Que Eu For Embora)
No dia em que eu for embora,
Não farei nada especial:
Levantarei como sempre fiz,
Tomarei meu café e fumarei meu cigarro.
No dia em que eu for embora,
Se for dia de verão farei como sempre fiz:
Ficarei meia hora ali, sem fazer nada,
E me aquecerei dos raios daquele sol.
No dia em que eu for embora,
Se for dia de chuva farei como sempre fiz:
Sairei sem guarda-chuva, correrei pela rua,
E muito provavelmente molharei meus pés.
À tarde darei alguns espirros, irei à farmácia
E comprarei qualquer coisa e nada mais.
No dia em que eu for embora,
Se for dia de semana, irei para o metrô,
E irei espremido feito sardinha,
Alguém certamente pisará nos meus pés
E não pedirá desculpas; não reclamarei.
Nunca reclamei e já até acostumei.
No dia em que eu for embora,
Se for dia de inverno, colocarei meu blazer e chapéu.
Colocarei o mais antigo, ele que me acompanhou por tanto tempo,
Não seria justo partir sem “agradecê-lo” nessas horas.
No dia em que eu for embora,
Se for dia de outono, pararei no primeiro jardim que ver.
E observarei as folhas caindo em sinal de renovação.
No dia em que eu for embora,
Se for dia de primavera, comprarei algumas flores
E mandarei entregá-las para cada amigo, filhos, esposa e irmãos.
Junto um cartão e uma frase “valeu tê-los comigo, isso me fez melhor”.
No dia em que eu for embora,
Não mudarei em nada minha rotina:
Farei o que sempre fiz e assim partirei sem chamar a atenção.
E levarei comigo a saudade do tempo que aqui fiquei.