VIDA INSOÇA



        Pois é: as coisas mudam, as pessoas também. Eu sou a prova viva disso. Antes, minha cabeça fervilhava de poemas, muitas vezes partidos, quebrados, só à espera de um desfecho. Minha cabeça fervilhava de sonhos, de projetos,  sonhos partidos, ainda não vividos, só à espera de um desfecho. E, nada aconteceu. Nem os poemas voltaram a germinar, nem os sonhos voltaram a ser sonhados. E o acordar, aconteceu. Um acordar seco de poesia, em acordar àrido, amargo, desmedidamente estéril.
      Onde será que se perderam... ou fui eu que me perdí deles...
      E nesse dúvida, esbarro nesse viver sem sentido, sentido apenas no mínimo necessário para continuar. E os dias tornaram-se exatamente iguais. Como se fosse o mesmo que retornasse por vezes e vezes, por meses à fio...Um continuar onde nem o sol com todo seu explendor, nem a brisa de meu mar sempre tão cantada, consegue me dizer mais nada. E, nessa mudez, sigo fazendo de meu amanhã uma cópia do meu hoje, só esperando que meu mar já não brise, nem meu sol não mais me aqueça, me despertando para a vida. Que venha o desfecho....