Até que a Luz resolva me guiar
Se eu pudesse descrever aqui o quanto é grande a minha dor, ela não caberia em uma simples folha de papel. Se eu tentasse demonstrar em palvras o quanto machucada estou, meu discurso duraria o infinito e ninguém o daria ouvidos até que eu terminasse. Se eu pudesse dizer em gestos aos surdos o tamanho da minha ferida, os meus braços não alcançariam a grandeza e eu não diria. Já tentei, e tentaria mais se alguém realmente me entendesse, me ajudasse. Mas tanto tempo mergulhada nessa dor me fez aprender, acostumar, adaptar-me ao silêncio e as palavras emudecidas comprimidas nas mais caóticas lágrimas que dos meus olhos saem. Guardo a dor de meu peito trancada a sete chaves, a sete palmos e calada ando entre outros fingindo sorrisos, até que a luz resolva me guiar. Dentre a escuridão vivo, revivo, me esqueço, e não há nada que me faça mudar de idéia, e não há nada que me faça mudar de interpretação. A vida quis assim e só espero que passe, que o tempo apague e que me traga alguma explicação. E assim sigo, conformada, chorosa e calada até que a Luz resolva me guiar.