[A Morte à-Toa]
[Escritos à mesa do Bar da Estação]
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Que absurdo!
É completamente estúrdio
que eu morra por causa
de uma conta malfeita!
É só uma conta de dez contos de réis,
essa conta de bar!
E para piorar o meu humor,
acabo de olhar o meu carro
parado, serenado da noite,
inerte como uma rocha,
estacionado em frente ao bar!
Agora, eu morro sim,
morro três mil vezes
ao contemplar, estático,
sem mover um dedo sequer,
esta máquina de me levar até você!
Mas você não deu nem sinal...
Eu, hein? Sei lá onde ele anda...
Coragem não é pra ser gasta
assim, numa viagem temerária,
sem saber se ele já vai voltar...
Morrer à toa, bestamente,
ou então, num súbito, matar,
e tudo por causa de rabo-de-saia?
O demo que me carregue!
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Caderno 1 - Inéditos
[Desterro, idos de 1999...]