Fazer as pazes

Foi o jeito que a vida arranjou para se redimir...

Aquele não foi um abraço humano, tampouco físico como os outros abraços.Foi um abraço da vida, um abraço de desculpas por todo o mal que me ocorrera por acaso, em todos esses anos antes daquele humilde abraço.

Mas, o que faço com isso agora?Que faço com o vício que adquiri?

Agora me vejo como uma criança que não se contenta com poucas balas de goma e quer mais e mais...

Agora tudo o que a vida faz de ruim é pretexto para minha birra, para que eu espernei, grite e escandalise.Tudo o que dá errado é motivo para eu exigir novamente aquele abraço.

Mas aqueles braços parecem não querer me abraçar.Parecem tão indiferentes...

Eu desejo em meu íntimo que eles só estejam esperando o fim do meu escândalo infantil, que estejam esperando que eu pare de chorar e esperniar e que fique serena como um rio...

Daí sim, como uma mãe abraça um filho, aqueles braços finalmente me confortarão outra vez, se desculpando novamente por todo o passado que me machucou, por todas as vezes que fui ferida, se desculpando pela ausência, pela lacuna dos dias em que esses braços estiveram distantes...

E novamente transcenderei, ficando iluminada de perdão, me redimindo com a vida, andando de mãos dadas com ela.Pois abraçando aqueles braços, também peço perdão por tudo que fiz ou deixei de fazer, por todas as minhas fraquezas e todo o meu egoísmo.

Nossas mágoas enfim se desfazem, e nossos erros e fraquezas se igualam.Então ficamos, eu e a vida, em paz recíproca.

Que aqueles braços voltem logo, não demorem a me abraçar novamente...

Preciso fazer as pazes com a vida.

Lara Monique
Enviado por Lara Monique em 17/09/2011
Código do texto: T3224937
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