No silêncio da noite muda. Lápis entre os dedos. Grafite escorregando célere e livre. Penso e escrevo. Por vezes sinto que não penso, nem vejo o que escrevo. Coisa misteriosa, mágica, feitiçaria, mentira. Sinto ser poeta da magia das palavras. Feiticeiro das letras. Sou poeta e mentiroso. Preencho folhas com letras, sílabas, palavras e frases com mentiras sensíveis e belas que cantam, gritam e choram. Dizem: Minh’alma está lavada; meu coração adoçado pela vida; meu olhar além do horizonte; minhas mãos varrem as nuvens do céu; meus pés vincados na terra; respiro o ar de tuas entranhas; bebo no cálice de teus lábios; ouço a voz de teus desejos.
     É o cantar de meu viver. Concretizar fantasias. Modelar desejos. Revelar inquietudes. Escrever músicas para os ouvidos no silêncio da noite muda.
     Palavras declamam, cantam. Tocam a música da comunhão universal.
     Não imaginava brincar com as letras.  Montar palavras e frases. Às vezes abstratas, sem sentido. Por vezes, exprimindo momentos de alegria, felicidade, sofrimento, angústia, solidão. Dizer do amor, do carinho, da harmonia, da sensibilidade, da natureza dos homens sensatos ou não. Das mentiras poéticas concretas ou abstratas.
     Não desejo ensinar, tão pouco ser dono da razão. Quero ser sempre ilusionista das palavras. Traçar linhas em melodias. Fazer jorrar o sangue de veias poéticas. Na verdade, só desejo poetisar.

 
Mané das Letras
Enviado por Mané das Letras em 17/09/2011
Reeditado em 17/09/2011
Código do texto: T3224354
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.