Tempos difíceis

Vejo o afeto que mostra desgastes,

Os sonhos fogem do coração por empurros.

Um impulso. A mão se move ao tentar pegá-los,

escapam velozes, como fumaça por entre os dedos.

porque sabemos, no íntimo, que sonhos não sobrevivem ao menor pensamento hostil.

É aí, então, de súbito, que acontece o indesejável:

Extingue-se lentamente a chama da presença.

A alma é esmagada pelo fatal peso do Conto da Dor.

Aquele conto que a criança teme acreditar.

Aquele conto obscuro que alguns teimam em chamar de realidade.

Hora sábia de relembrar:

em que água sua chama reacende?

Qual dos sentidos peca sua sensibilidade?

Pois há quem a chame de ponto fraco,

Pois há quem a chame de felicidade.

... Deliciar-se do cheiro que lhe ama...

...Sentir na pele o calor que emana...

...Ver as cores de um pôr do sol...

...Saborear lentamente uma lasanha!...

...Ouvir e arrepiar-se com uma música que te preenche e inflama;

Faça que te traga de volta esse calor,

Faça reacender essa chama.

Reabra um espaço no seu coração

Para alojar novamente,

quem sabe,

um sonho.

Nesse novo canto sagrado

Agora renovado

no Todo, infinito ponto;

do Ínfimo Sempre.

Flávio Nascimento

FlávioDonasci
Enviado por FlávioDonasci em 15/09/2011
Reeditado em 15/09/2011
Código do texto: T3221848