UM CERTO DIA
Dia frio, nublado, silencioso, pesado. Lá fora escuto apenas o latido de um cão. Teimoso, quer convencer que há vida. Aqui dentro apenas o tic-tac do relógio da cozinha. Mais nada, silêncio. Fico esperando qualquer movimento, ruídos, e sim, agora sim, aquela vizinha começa o seu ensaio no piano, Clair de Lune, com notas mal tocadas fica mais triste. Céu encoberto, não sei o que ele quer anunciar.
Agora ouvi o barulho do trem que passou. E isso me fez lembrar que o trem passa aqui perto, como tudo na vida passa, até a vida...
Clair de Lune, as notas choram e se arrastam numa beleza vagarosamente triste.
Luar que passa, como a vida...