HERANÇA SERTANEJA
Possuído de toda certeza
Nutrida mais como defesa que ofensiva
Cresceu nessa selva de pedras que a seca fazia,
E com elas fez sua arma favorita.
Não sabia, porém,
Que outro igual
Também assim agia,
E nunca a sós.
Porque é na escuridão da noite
Ou de dia por armada emboscada
Que os traiçoeiros atacam.
Assim decidiu
Que sua trilha não mudaria
E tomado de certeza férrea
Que por preço nenhum se vendia
Chegou aos trinta,
Aos quarenta já não saberia.
Homem do sertão que era
Da rusticidade aos homens
Daquelas bandas atribuída
Tinha na sua alma de sertanejo
As marcas do tempo que a seca imprimia.
Trinta todos já sabiam que tinha
Quarenta?
Aposta ninguém fazia.
E como que sabendo ser aquele seu dia
Sua rotina em nada mudou como nunca fazia.
E já vestido com seu gibão que do seu pai já vinha,
Saiu pela Caatinga, terra sua e de outros a sina,
E nunca mais outro sertanejo cruzou sua vista.
Corre às falas soltas
Que o corpo não encontraram.
Os mais crédulos dizem que nem poderia
Porque homem bom que era,
No colo do senhor está amparado.
E como dessas coisas
Homem sertanejo não põe em questão
Todo dia, assim que o sol se põe,
E já fritado pelo sol que ali não perdoa não,
Todos louvam aquele sertanejo, homem forte do sertão.