NEM ENFERMEIRA E NEM FUNCIONÁRIA

NEM ENFERMEIRA E NEM FUNCIONARIA.

Seus olhos grandes são as planícies que eu tenho

Nessa campina marítima de anseios dormidos

Eles atravessam os meus desejos rápidos e ocultos

Quando ela passa só e lubricamente estonteante

Com aquela pulcritude de seu corpo insinuante

Em direção ao ignoto pélago do hospital

Não que seja enfermeira ou funcionária

Talvez médica prestimosa deste seu novo paciente

Pois agora temos uma hora devidamente aprazada

Para a consulta rápida do seu lindo e azul olhar

Cortante como um raio laser de éter direcionado

Se lá ela mora, eu não sei, só sei que aqui ela passa

É pra lá que ela vai, em direção ao ergástulo dos doentes

Foi o que eu vi nesta manhã, mas se não é enfermeira

E nem tão pouco uma funcionária dedicada

Entretanto,

Parece-me internada e escondida por inteira

Na minha poesia de forma ensimesmada

Como exclusiva, linda e obstinada parteira

Dos meus sonhos doidos soltos a nascer,

Flutuando sobre a sua branca figura inteira

Um monumento gracioso, lépido e passante.

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 17/12/2006
Código do texto: T320784