NEM ENFERMEIRA E NEM FUNCIONÁRIA
NEM ENFERMEIRA E NEM FUNCIONARIA.
Seus olhos grandes são as planícies que eu tenho
Nessa campina marítima de anseios dormidos
Eles atravessam os meus desejos rápidos e ocultos
Quando ela passa só e lubricamente estonteante
Com aquela pulcritude de seu corpo insinuante
Em direção ao ignoto pélago do hospital
Não que seja enfermeira ou funcionária
Talvez médica prestimosa deste seu novo paciente
Pois agora temos uma hora devidamente aprazada
Para a consulta rápida do seu lindo e azul olhar
Cortante como um raio laser de éter direcionado
Se lá ela mora, eu não sei, só sei que aqui ela passa
É pra lá que ela vai, em direção ao ergástulo dos doentes
Foi o que eu vi nesta manhã, mas se não é enfermeira
E nem tão pouco uma funcionária dedicada
Entretanto,
Parece-me internada e escondida por inteira
Na minha poesia de forma ensimesmada
Como exclusiva, linda e obstinada parteira
Dos meus sonhos doidos soltos a nascer,
Flutuando sobre a sua branca figura inteira
Um monumento gracioso, lépido e passante.