UM MINUTO SIDERAL
Na cronologia convencional, não valeria durar a vida só um minuto;
curto seria o tempo, por exemplo, para se versejar sobre o amor.
No lapso de um piscar de olhos, como se alcançariam decifrar sentimentos e traduzi-los em palavras? Mui breve esse instante nos pareceria!
Abraçar, nem poderia; com afago abortado após raros segundos,
a delícia do afeto se dssiparia no enlace incompleto.
Nem jeito, nem graça haveria, sem pés enleados e beijos colados;
o lapso de momento não nos bastaria.
Impossível seria na fração de um suspiro fecundo prazer acomodar.
Mas, para a paixão, seria o minuto
um impulso vazio ou a existência infinita,
se, em escalas siderais, eternos são os sonhos dos amantes?