imagem/estudo/pintura/ s/título E///
Lilianreinhardt
                      (Memoriais de Sofia/Zocha)

Do seu jardim olores de madressilva tremulavam sob os raios tenros de luz que salpicavam das musgosas heras. Cheiro de café expresso,  ela corria o olhar na brancura da geada bordada pelo caminho, enquanto caminhava soltando baforadas de ar quente , era preciso desviar dos reflexos dos   olhos brilhantes dele, com aquele  ponto magnético  de bússola e rosa dos ventos, havia algo de anéis de  Saturno em suas  asas,  múltiplos asteróides em derredor dele, algo acústico no timbre de  sua voz rouca, e aquela  sombra indo e vindo naquela rua... Ela  indo, ele vindo,.. elástico o tempo os colocava  frente a frente. Caminhava eufórica, com um laçarote escarlate na blusa púrpura de babados, boné vermelho de caloura e ele tosado, deslanado, apesar do frio, ambos  ovelhavam de desejo, um dentro dos olhos do outro, pelo calçadão escorregadio que bordava aquele prédio de portadas e  frontão grego, onde habitam os mesmos sonhos...

 Mas a  cidade se arrastava incendiada  de néons,com a enfermaria  lotada de cadáveres bêbados. Todos dormiam de olhos abertos.Ela fixou com algumas hachuras de carvão sobre a tela enquanto a  bombordo embarcavam as borraduras.Ela pintaria vários esboços daquele motivo, cada um rasgando, os olhos lacrimando, o veneno subindo na garganta.Uma pintura pode não ser uma pintura e palavras não são só palavras. O sineiro sabe das coisas quando puxa as cordas do sino, ele sabe que o povo é quem  chama a missa, e o boi  não esquece do olho do vaqueiro que o marcou, Íbis morre quando fora do Egito, dizia Kant, enquanto o cuco anunciava a mesma  hora de seu passeio, todas as tardes,,,A tela branca e a camisola de núpcias procurada como uma agulha no palheiro para a grande noite  boreal  podem ser verossímeis. Em ambas ficam coladas as marcas do vitral e suas perspectivas,,,,,