Descaminho
Pode ser que exista alguém que te queira como eu quero, minha doce Araguacema...¹
Como foi breve a nossa convivência. Parece que foi apenas um momento. Um sopro!
Tudo parecia bem quando de repente eu me vi sem chão como se estivesse andando num beco escuro, me afastando do meu porto seguro. Fiquei sem rumo, inseguro!
Afastaram-me das tuas águas, do teu calor. Não posso mais contemplar tuas belezas, caminhar os teus caminhos. Pranto!
Silêncio... Não ouço mais tua cantiga ... Vida minha eu te venero!¹
O que fizeram? Sem nenhuma explicação fui tirado de ti. Fui levado para outros braços e me apresentaram novos rumos como se estes fossem meus.
Não eram. Erraram!
Fizeste-me falta, e como busquei em vão tua presença. Tanto!
Ao cair da tarde, firmava o horizonte na esperança de encontrar ali algum resquício da tua beleza. Vã!
... De ti não posso estar longe, sem nostalgia¹...
Descaminhos e caminhos foram percorridos, o tempo deu tempo de te esquecer a tempo. De porto em porto, encontrei um seguro. Outro!
Só ficaram as lembranças. Boas e até ruins. A cantiga já não faz mais tanto sentido assim, minha doce Araguacema¹...
Porque tanto descaminhos, se não tivesse ido, seria melhor? Como saber?!
Hoje, quando te reencontro, tentamos nos compreender. Começo a entender muita coisa. Cada rua, cada calçada, cada beco e cada esquina parece que tentam me explicar os motivos. Doce Juventude!
Culpa, não tens!
Destino!
E de novo o silêncio...
¹ Versos da música “Araguacema” de José Wilson Leite.