DESAPAREÇO EM MIM...
"O suicídio não é querer morrer, é querer desaparecer."
-- Georges Perros --
Desapareço em mim... numa busca eterna,
Tentando enxugar lágrimas onde não há choro
E me afogando no sangue derramado por minhas próprias mãos...
Não! Recuso-me a ser normal...
Pessoas de vida perfeita provocam-me o vômito.
A ignorância toma os sentidos e as torna estúpidas... e felizes.
Recuso-me a falsa alegria da hipocrisia...
Estou farta da falta de senso dos que se intitulam sábios.
Tolos! Intelectuais ignorantes de um mundo de merda.
Recuso-me à frugalidade dos sãos.
Um brinde à loucura!
Aos Desaventurados... à Desventura.
Quero apenas a companhia de poucos amigos,
Um ou dois... a contar nos dedos...
Trocar segredos numa noite enluarada,
Ver estrelas, tomar vinho... da boca da garrafa,
Embriagar-me de conversas agradáveis:
Munch, Augusto, Neruda, Vinicius, Rimbaud...
Quero apenas a companhia de poucos amigos,
Os que entendem minha solidão... e respeitam...
A vontade que, às vezes, tenho de ficar a sós comigo.
Quero apenas a companhia de poucos...
Amigos de alma, amores talhados nas palmas
De uma Meia Noite em Paris.
Basta-me apenas a companhia de poucos amigos,
Um ou dois... a contar nos dedos...
De minha mão imaginária.
Desapareço em mim... numa busca eterna...
Mas ressurgirei (bem sei) em olhos infinitos,
A esquadrinhar-me em manuscritos
Num último grito, no fim da eternidade.
>>KCOS<<