Insensibilidade


Ao nos tornarmos insensíveis
Muitas coisas perdem o significado.
A vida, aos poucos, vai se esvaziando
De sorrisos, de futuro e de esperança.

É imperceptível a transição 
Por fora nada muda realmente.
A demolição ocorre por dentro.

Valores coloridos e transbordantes 
Seus cheiros intoxicantes
Abordados por ventos cortantes
Recobertos por nuvens escuras

O horizonte ensolarado torna-se um palco 
Relâmpagos desgovernados
Clarões ameaçadores.

A insensibilidade é irmã da indiferença 
Quando presente no coração do homem
Enraíza fundo e espalha-se
Em frondosos arbustos estéreis

O insensível olha inerte
Para o fenecer da realidade.
Permanece de braços cruzados

Diante da calamidade
Naugrafa imóvel na perda paulatina
Da essência de sua própria sensibilidade...