CONVERSA DE OLHAR
Boca fechada
Ouvidos atentos
Corpo estático
Olhar andante
De repente a conversa
Olho com olho
Olho no olho
Olho, conversa mais que boca, quando assim deseja.
E o melhor, só diz a verdade que a boca cala.
E na boca fechada,
Um olhar aberto e ...
A conversa, o encontro.
Tão logo o piscar, para umedecer e fazê-lo brilhar.
Piscar de um jeito ou de outro diz muito.
É texto, pretexto e contexto... Ainda que sem texto.
Piscar lento, bailado, é convite para viagem-olhar.
Olhos a dialogarem é silêncio falante.
É conversa que anima e que desatina um querer
que se percebe no evitar do olhar.
É conversa secreta, a dois. Ou melhor, a quatro... Olhos!
Dois falando e dois respondendo e depois trocando.
Conversa de olhar é sincera
porque olho não mente, só sente!
Mas é também conversa perigosa...
Salvadora!
Faz vibrar o corpo numa alta freqüência.
Aí nos entregamos, caímos “na sua conversa”...
Conversa de olhar é alma com alma.
Juntas, unas, como ímãs.
Mas isso só acontece
aqueles conseguem se olhar.
Quem não olha no olho
não se deve confiar.
E, que triste, não tem sorriso-olhar.
Tem gente que tem olho mudo.
Para estes não há encontros nem o seu provocar.
Ah! Nisso sou abastada.
Tenho olhar conversador.
E quando a boca repousa, deixo o olho falar...
Grandes companheiros!
Sabem mais de mim do que eu possa imaginar.
Olhar de soslaio.
Texto em prosa, em verso.
Olhar de canto.
Acantoado, aconchego, afagos...