Como?
Como quebrar esses grilhões...como ultrapassar essas fronteiras...como beijar a linha do horizonte...como pousar na tarde carpideira?...
Em que tempo...com que cuidado soltar as asas e ganhar o céus?...em que estação o inverno findará?...em que hora o tempo se fará inteiro pra receber-me sem perguntas?...
Haverá mares...na imensidão a minha espera?...haverá revolução de palavras e de sentimentos que aceitem a minha continuada interrogação?...
Haverá um batizado de iniciação quando eu deixar de contar os meus passos?...haverá dança com a alegria... ao invés de mutilação?...
Onde o velejar sereno me fará apreciar a imensa superfície das águas que me cercam?...Onde na profundidade dessas águas eu poderei mergulhar sem desatinos?...
Quando as palavras não mais se calarão nos meus lábios desafiantes?...quando o verbo será liberto sem censura em claro e alto som?....quando a estética e a fala poderão caminhar de mãos dadas ...e passearem alardeando seus sentidos....sem a morbidez do medo e do cutelo apontados pra língua?...
Em que lugar mora a paz tão decantada em verso e prosa?... Onde estarão as respostas à tantas indagações?...
E eu me pergunto sem cessar como passear pelos dias e noites incólume... com tantas dúvidas?...
Como preservar o coração da aridez que o ronda desesperadamente?...
Como manter a alma leve...e liberta...sem que o peso das instituições a tranque nas masmorras...ou a faça refém amordaçada em praça pública?...
Como então reler tudo o que foi escrito...rever tudo que foi dito...sem mudar uma vírgula...assombrada pela preocupação de não ser compreendida?...Ou antes ser cabalmente julgada e condenada....