O formato de minhas asas

Eu era feliz, caminhando entre borboletas e crendo no amanhã de sol

arrebol de meu verão, quente como verão deve ser,

e meus sonhos de Ícaro

me levaram a um voo sem volta.

Mas me mandaram para longe...

para que assim eu pisasse no chão.

Me deram neve e gelo para me fazer amadurecer

eu era fruta tropical e não entendi a profunda mudança que ocorria

em minhas asas e folhas.

me fizeram deixar os tantos sorrisos infantis

trocando-os por sorrisos sérios

a neve derreteu, escorreguei no diploma

e pegando-o pelo bico voltei ao sol

as arvores não eram mais as mesmas e

as borboletas já não entendiam o que eu dizia

hoje sou neve e sol, sombra e luz...

divina discrepância

de mim

enfim hoje meu verão também chove

e meu intenso frio

ainda aquece os outros

achei na poesia e na arte uma bela forma de asas.

Márcia Poesia de Sá - 27.08.2011